Tuesday, October 31, 2006

Liberdade

Vivemos num país que nos possibilita a liberdade de expressão, a de fazermos as nossas escolhas... É uma palavra muito utilizada no dia-a-dia sem sabermos de facto o que significa na sua totalidade. "Liberdade significa tomarmos responsabilidades", disse-me uma vez um professor de moral.
Quem estabeleceu esse conceito? E será que é verdade? Na minha cabeça o conceito "liberdade" sempre foi uma coisa inexplicável... mas o conceito mais próximo que tive foi: ser livre é fazermos tudo o que nos apetece. Mas sempre que digo isto, há sempre gente que me contraria e que impõe outra ideia completamente diferente onde implica ter responsabilidades e obrigações.
"Não, não é essa liberdade! Eu queria a liberdade dos passarinhos!" Mas parece que ninguém me quer ouvir e dizer: tens razão! Continuam-me a dizer:"Esse tipo de liberdade não existe no vocabulário humano!
Depois penso e reflicto sobre isto. Liberdade... realmente a humanidade nunca teve uma liberdade total(talvez apenas na pré-história), onde podemos quebrar regras sem sermos penalizados. Se eu fizer tudo o que me apetece, como será possivel viver em sociedade? Como será para arranjar dinheiro? E se não pagasse os impostos? Seria presa por querer ser livre? Seria presa por querer fazer da minha vida o que quero fazer dela? Se eu não quiser seguir as regras impostas pela lei quem me pode impedir? Toda a gente, provavelmente. "Se fazes parte de uma sociedade, tens de viver consoante as suas imposições!"
O facto é que apesar de todo este desejo de querer ser "livre como os passarinhos", tenho a perfeita noção que nunca existiu tal coisa.
"É pena", penso. E se voltassemos a ser nómadas? Apenas correspondendo às nossas necessidades diárias e dando mais valor a outras coisas como aproveitar a vida e as relações que podemos ter uns com os outros?
Gostava de poder escolher entre ir às aulas e não ir... Gostava de ser livre a esse ponto. Mas no futuro arrependo-me! E porquê? Porque tenho de arranjar meios de sutento e para isso o que preciso? Curriculo escolar! Convém para uma vida minimamente razoável.

É melhor pensar que apesar de não sermos livres como o resto dos animais, a humanidade consegue ser feliz com a sua sociedade exigente. A sua liberdade limitada. Também...nunca conhecemos outra realidade, não é?

Tuesday, October 24, 2006

Os nossos momentos


Momentos... a nossa vida é caracterizada por eles. Momentos tristes, momentos felizes, momentos triunfantes e momentos de desilusão. Momentos de desespero e momentos de alegria. Momentos que nos fazem chorar e outros que nos fazem sorrir.

A vida é o conjunto destes momentos. Eles desgastam-nos e aproximam-nos da realidade. Por vezes gostamos deles, por outras dão-nos vontade de desistir. E quando paramos de chorar por esse momento, começa outro e outro e outro momento até o superarmos e voltarmos a ver o sol.

A vida é aproveitar estes momentos. Todos eles! Existem injustiças, sim! Existem, porque as podemos aguentar. Existem, porque as podemos superar. Existem para as remendarmos. E se não as conseguirmos emendar, existem sempre aqueles momentos que surgem no meio da escuridão. Aquela réstia de esperança que chega para nos iluminar a vida, como um sorriso de um amigo, uma boa noticia no meio do desespero. Alguma coisa que nos faça reagir e que nos faça reflectir e concluir que nem tudo está perdido.

Tenho um amigo meu, que admiro muito, que me diz, sempre quando estou triste, uma frase que me põe logo bem: "leva a vida a sorrir!"
Não é especial, não tem palavras caras nem ideias filosóficas, antes detém uma simplicidade que me agrada e que juntamente com a forma de ele dizer, torna o meu dia quase perfeito.

Aproveita este estado misterioso em que te encontras. Aproveita o melhor da vida. Aproveita também o seu pior. Sim! "Aproveita a vida". Aproveita os bons e os maus momentos. Não te iludas. Não desanimes. Chora o que quiseres quando tiveres de chorar, mas não te esqueças de sorrir. Porque a vida pode-se resumir a isso: a um choro e a um sorriso. E esperamos que o sorriso predomine em maior quantidade na nossa vida!

Não há nada que possamos fazer em relação às condições que a vida nos impõe. Nascemos para sofrer e para nos alegrarmos. E não há nada para fazer quanto a isto excepto viver cada momento como ele merece ser vivido, seja ele bom ou mau.

Saturday, October 21, 2006

Saudades

Ontem estava no msn e pus-me a conversar com uma data de gente que já não vejo há muita tempo (os meus colegas do oitavo ano) e sinto-me forçada a admitir que tenho imensas saudades de andar naquele colégio horrivel, super-conservador e exigente (é verdade!). O facto é que quando me aprecebi do que sentia, apanhei um valente susto!
Ainda no outro dia estava a falar com uma amiga minha que andou comigo nesse colégio e ela contou-me coisas sobre outros colegas meus que me deixou com um valente ponto de exclamação na minha cara! Alguns deles fumam e vão a discotecas. Eu fiquei com a boca aberta. Não que não ache normalíssimo!
Vou explicar porquê: eu andava no colégio desde os meus três anos e alguns( a maior parte) dos meus colegas viviam comigo aquela rotina taciturna desde esses tempos. Foi um bocado chocante quando percebi que crescemos todos e que já não nos interessamos pelas mesmas coisas que antes. Era tudo muito mais simples na altura, não era? Primeiro foram os jogos e brincadeiras: escondidas, apanhada, os cabeleireiros, as Barbies, os Action Man... depois começamos a largar tudo isso e começamos a achar mais piada aos namoros, às fofocas (se bem que os rapazes continuaram dedicados à bola!)... e agora continua isso tudo mas começamos a sair à noite e a ter curiosidade de experimentar coisas diferentes (alcool, tabaco...só coisas que fazem bem para a saúde!).
Mas apesar de tudo ter mudado (não só para eles como também para mim) eu ainda me vejo ligada a eles com o pensamento focado nas brincadeiras, nos jogos nas conversas inocentes... memórias felizes, memórias de crianças que, de certa forma, queriam chegar onde hoje estão agora(pelo menos era o que eu queria). Será que continuo a querer estar nesta posição?
Tenho saudades dos intervalos grandes com as minha amigas na "quinta" do colégio onde costumavamos falar de filmes, telenovelas e de como queriamos que os rapazes deixassem de jogar à bola e viessem conversar connosco ( As raparigas são sempre a mesma coisa), falávamos sobre a escola, o nosso único problema aparente, do que queriamos ser quando "fôssemos grandes" e como queriamos que fôsse o nosso primeiro beijo (coisas pipis que ´so as raparigas desta idade acham piada)
Quando era mais pequena e, às vezes, quando os meus pais tinham daquelas discussões fortes, ficava a noite toda a chorar por causa disso. Quando chegava à escola já a tinha esquecido. Penso que é uma caracteristica própria das crianças não é?
De qualquer maneira, isto tudo veio à baila para dizer que me sinto triste (talvez) por tudo ter mudado tão depressa. Não estava de maneira nenhuma preparada para ista mudança tão repentina. Repentina, sim! Crescemos devagar mas quando nos apercebemos disto já é um pouco tarde, não é?

- Devias ter visto Mariana. O Tomás estava podre de bêbado.
-O Tomás?! O nosso Tomás?
-Ya! E o Carlos e o Afonso estavam a fumar bué, devias ter visto!
- Não devia nada!

Quero voltar à inocência! Quero brincar às Barbies!!! Quero não ter vergonha de fazer macacadas no intervalo das aulas à frente de toda a gente. Quero voltar...

Tuesday, October 17, 2006

Como começamos o dia...

"Ai que sono"
"Que cama tão quentinha, não me apetece nada sair"
" Tá de chuva!"
"Ou não!"
" Quero dormir!!!"
"Raio do despertador que não se cala!"
Minha gente:
"Comecem cada dia como se fosse de propósito"
Do filme "Hitch"

Romeo and Juliet


Sentada no meu quarto a olhar para o livro de história numa página em que me explica a democracia da antiga Atenas, eu oiço um som de saxofone vindo da sala. Pronto lá está ele outra vez a ouvir os Dire Straits ao vivo, um DVD que ele gosta particularmente. Identifico de imediato a músca que ele está a ouvir: Romeo and Juliet. Levanto-me num ápice e dirigo-me para a sala. Ele estava sozinho, sentado no sofá com o turco azul vestido, de comando na mão, a olhar para a televisão. Sento-me ao lado dele e deito-me no sofá com a cabeça no seu ombro.
"juliet when we made love you used to cry
you said i love you like the stars above i'll love you till i die
there's a place for us you know the movie song
when you gonna realize it was just that the time was wrong?
Juliet"
Sinto as lágrimas a formarem-se por baixo das minha pálpebras quando o saxofone toca de novo. Não é preciso dizer nada. Ambos estamos a pensar na mesma coisa, e a sentir a mesma coisa: saudades.
Lembro-me perfeitamente do dia em que ouvi esta música pela primeira vez. A minha mãe estava na cozinha e já não me lembro onde estava a minha irmã. Já não me lembro do que estava a fazer. Só sei que quando passei pela porta da sala ouvi o meu pai a chamar-me.
- Mariana, vem cá ouvir isto com o pai.
E eu fui. Já não era aprimeira vez que ele punha uma cassete de música e que me chamava a mim ou à minha mana para vir ouvir as musicas dele. A minha mãe ia sem ser chamada. Às vezes, aos domingos quando acordavamos, o meu pai punha músicas na sala a tocar enquanto e minha mãe estava a fazer o almoço e eles punham-se a cantar os dois. Nessas altura eu só queria saber as músicas todas para também cantar. Até porque algumas delas a minha irmã também sabia, o que me deixava bastante aborrecida por não me poder juntar aos três no coro familiar.
Desta vez era uma cassete de vídeo e a primeira vez que eu vi o Mark Knopfler só pensei que ele era um bocado careca.
- O que é pai?
- Ouve e diz-me lá se não é lindo.
Ouvi e adorei. De vez em quando o meu pai lançava-me daqueles olhares como quem diz "eu tinha razão, não tinha?". Depois veio a parte do saxofone e nessa altura já estávamos os dois lado a lado com os olhos e ouvidos bem abertos. Nessa altura acho que a minha mãe veio à porta para ouvir também. E daí talvez não! O meu pai punha sempre a música aos altos berros. Não era preciso sair da cozinha para ouvir. É uma das músicas mais importantes para mim.
"juliet when we made love you used to cry
you said i love you like the stars above i'll love you till i die
there's a place for us you know the movie song
when you gonna realize it was just that the time was wrong?
Juliet"
De volta ao futuro. Olhei para ele, olhos brilhantes (já o tinha visto a chorar com esta música) e ele procurou-me a mão. Ficámos ali até a música acabar. Não derramei lágrimas apesar de elas quererem sair. Pois não há motivos para tristeza quando nos apercebemos que tivemos uma infância cheia de amor e que, apesar de já ter passado, nada muda. Pessoas desaparecem, pessoas permanecem, mas no final nunca as deixamos de amar da mesma maneira quando as amávamos quando eramos crianças.
"you and me babe how about it?...
...Juliet"

Tuesday, October 03, 2006

A praia do Vale dos Homens


Olho para o céu e vejo as nuvens a passar, sinto que, de alguma forma, a dor vai fazer o mesmo, mas não sei definir quando, muito menos como. Sinto ainda o calor do teu abraço e tenho ainda cravado na minha mente o teu doce sorriso. Concentro-me mais uma vez na minha paisagem e sinto o vento na minha cara, insistente, forte mas ao mesmo tempo confortante. Olho para o pôr do sol e para o movimento das gaivotas junto ao mar. São poucas as que voam, e nenhuma delas nota que ali estou. O céu apresenta um tom alaranjado que me faz sentir nostálgia. Tantas vezes que já passei por aquela paisagem contigo... a tua figura está presente naquela praia. O teu olhar vem do mar... e está-se a dirigir para mim, estás-me a sorrir. Estás sempre presente naquele sitio e em qualquer local para onde eu vá. Estás sempre presente para me apoiar, sempre estiveste comigo.
As ondas estão a abrandar, as pessoas vão saindo aos poucos daquela concentração de boas memórias. O Tempo não parece querer passar por aquelas rochas, nem por aquele mar. À minha volta vejo sorrisos, pessoas que não me conhecem, vidas que não se cruzaram, mas todas elas pensam o mesmo. Aquela praia desperta o amor que vive no coração de cada um, fazendo com que seja exposto depois do final do dia. As crianças estão cansadas mas sempre felizes e optimistas. Os adultos, tornam-se mais relaxados e conseguem finalmente esquecer os problemas do dia-a-dia. Vão subindo as escadas com os seus 290 degraus, cada vez mais cansados mas não largam o sorriso que teimosamente permanece nas suas caras e nos seus corações.
Não me vais deixar, eu sei que não. Vais continuar dentro do meu corpo, sempre presente na minha mente, sempre a ouvir os meus problemas e tentanto enviar-me as suas repostas durante os meus sonhos. Sei que me irás guiar para sempre, até eu largar o meu útimo suspiro.
Tenho a certeza, porque se até te vejo nesta praia por onde o tempo não quer passar, de certeza que te consigo ver e sentir no meu coração.

Monday, October 02, 2006

Uma réstia de esperança

Numa paragem de autocarro ela sabe que é observada por olhares ocasionais. Não são propositados mas fazem confusão à sua mente perturbada. Ela não se sente bem ali, não se sente à vontade sabendo que a sua vida é triste e que a dos outros não é tanto. Ela pensa que as outras pessoas são felizes com a vida que têm. É nessa altura que ela olha e inveja-as. É nesta altura que ela deseja voltar atrás e aproveitar melhor tudo de bom que lhe foi dado a viver. A vida não é fácil e nunca ninguém disse que era mas nós sempre nos iludimos muito e, assim, a queda é maior e doi muito mais.
Ela põe-se de pé, o autocarro pára à sua frente, as portas abrem-se e ela entra. Ninguém parece reparar nela (é mais uma que entra). Ela senta-se no banco vazio. Ao seu lado, no outro banco encontra-se uma rapariga de mais ou menos cinco anos com a sua mãe. Esta continua a ler a revista mas a rapariga não tira os olhos da triste figura que se encontra no banco do lado. Ela parece não querer saber da pequena. Prefere ser deixada em paz no seu desgosto. Mas a menina insiste, sai do banco (a mãe parece estar realmente muito envolvida no artigo da revista) e vai ter com ela. Finalmente a rapariga consegue deitar as lágrimas tão teimosas e sente a pequena mão da menina a limpar-lhe a face. Então ela levanta o olhar para ver o sorriso rasgado da pequena que parecia disposta a ficar ali até ela parar de chorar. Mas o autocarro pára e a menina tem de se ir embora. Tira, então, o seu ganchinho do cabelo, deixando-o completamente despenteado, e põe-no na mão da rapariga. Esta fica a olhar para ele durante mais uns segundos e consegue finalmente sorrir pela primeira vez em muito tempo.
Aquele gancho vai acompanhá-la para toda a vida para relembrá-la, sempre que se esquecer nos momentos de grande desespero, que não está sozinha.