Thursday, December 21, 2006

O tempo...um dependente das ocasiões (parte 2)

Véspera de Natal... talvez uma das únicas ocasiões em que a família esquece as suas divergências, as suas confusões e chatices para desfrutar de uma bela reunião com muita comida boa e prendas à meia noite! A altura do ano em que todos se lembram do passado, partilhando memórias, conversando alegremente sem se preocuparem com o dia de amanha... excepto os mais novos cujas mentes, vitimas da publicidade constante de brinquedos e tudo o resto, só se preocupam com a chegada da meia-noite, onde tudo será revelado por debaixo do papel de embrulho tão cuidadosamente feito.
Estou em casa da minha avó paterna em que, graças aos céus, não sou obrigada a comer bacalhau como os adultos e como juntamente com os meus primos um belo bifinho de peru com arroz empapado (=D). Estamos a comer, longe ainda da meia noite mas os meus olhos já caem, de cinco em cinco minutos, em cima do relógio que se encontra em cima da prateleira mais alta do móvel que suporta a televisão.
"O tempo nunca mais passa" pensava eu impaciente enolvida no meu silêncio pessoal. Olhava de vez em quando para o meu primo Ricardo que, pela expressão a cara e a direcção dos olhos (para o relógio), pensava de certeza da mesma forma que eu. Os meus restantes primos (João Miguel e Patricia) e a minha irmã (Joana) conversavam mais embora também lançassem olhares ocasionais para o relógio.
"Como podem eles falar? Que motivo de conversa pode haver numa noite como esta?" interrogava-me ao olhar para os adultos tagarelas. "Para eles o tempo deve passar num instante!"
O relógio continuava com os ponteiros quase na mesma posição.

- Tem calma Mariana. - a minha mãe tentava acalmar-me com aquele tom de voz dela tão carinhoso. Mas isso também não ajudava.

Onze e meia, marcava o relógio. Só faltavam 30 minutos! Ai que excitação! Era normalmente a partir desta hora que as coisas começavam a sair da linha. Os olhares para o relógio eram em maior quantidade, já pouco assunto haviade conversa entre os mais pequenos(sim, porque os adultos não se calavam). Tentavamos nos distrair com a televisão mas esta não passava nada de interessante e, mesmo se passasse, não coseguiriamos ouvir devido ao barulho proveniente das mesas dos adulto que era cada vez mais e mais alto.
Onze e cinquenta. Faltam 10 minutos. Já nos vamos preparando para abrir os presentes. Levantamo-nos, andamos de um lado para o outro olhando constantemente para os ponteiros que teimam em não avançar. E finalmente...
Meia noite!
- Já é meia noite! - dizemos nós em coro para chamar a atenção dos adultos. Eles parecem não querer levantar.
- No meu relógio faltam dois minutos para ameia noite! - diz um engraçadinho qualquer. AHAH, muita piada realmente. Eu não achei piada nenhuma! Quero abrir os meus presentes!

Chega finalmente a altura tão esperada. Vamos todos abrir os presentes. Estes encontram-se numa sala da casa intitulada de "O quarto dos Brinquedos", assim chamada porque para além de ser onde normalmente se realizavam as brincadeiras, era uma sala que continha as paredes todas riscadas, pintadas, com autocolantes e coisas dessas. Um quarto cheio de memórias.
Entramos no quarto e encontramos cinco pilhas de presentes que apenas destinguimos umas das outras pela peça de vestuário que se encontra à frente de cada uma. Cinco sapatos (um meu, um da miha irmã, um do meu primo Ricardo, um da minha prima Patricia e um do meu primo João Miguel) para cinco pilhas. Procuro o meu sapato com ansiedade ignorando o frio que sinto no meu pé descalço. Encontro-o e lá vou eu abri-las. O tempo agora avança com muito mais rapidez que antes e depressa dou pelas horas: uma da manhã.

Chegamos a casa dos meus avós maternos e logo noto um conforto geral. Aquela casa sempre foi um porto seguro que nos fazia sentir felizes e realizados. Cumprimento os meus avós e dirijo-me à outra pilha de presentes que provém desta parte da família. Abro-os e aproveito para tirar algumas barbies da caixa. Ponho-me a brincar com elas e o tempo continua a passar depressa.

O tempo...um dependente das ocasiões.

7 comments:

Anonymous said...

Marianhinha, tens tanto jeito para escrever rapariga, gostei imenso dos teus posts sobre o natal (conclui.se que..es uma rapariga muito impaciente :P) tou a brincar es um amor!*

Analog Girl said...

eheheheh....haviam anos em que já passava da meia noite e ficava tudo histérico, porque os adultos nunca mais se levantavam.

O que eu gostava mais da ida para os outros avós, para além duma nova pilha de prendas eram os tios à nossa espera ansiosamente e ficar lá a dormir e no dia seguinte montarmos prendas e mostrarmos tudo ao avô Fana que estava sempre muito interessado!

:)

Apple said...
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Apple said...

É o que eu digo: ler-te traz-me um colorido de sentimentos :) Gosto do que escreves, gosto de ti!
O teu Natal traz-me a nostalgia de outros tempos, tens razão quando dizes que "o tempo depende das ocasiões". Obrigada por me fazeres recordar...
Cris.

Anonymous said...

é incrivel como em casa da tua avó se passava exactamente a mesma coisa q em casa da minha avó =P
havia (e há) bacalhau na mesa, mas eu comia sempre outra coisa, os adultos conversavam todos e, pra mim, para o meu primo e para a minha irmã parecia q o tempo n passava,...enfim, somos, definitivamente, almas gémeas ! =P *

Cate said...

hmm, essa sensação é-me estranhamente familiar! :o comigo passava-se exactamente o mesmo.. e agora vejo isso acontecer com os meus primos. sim, porque eu agora já quase faço parte do grupo dos adultos. mas ainda sou meio criança, não sou? 'tou no meio do nada, basicamente. converso e olho para o relógio ao mesmo tempo, mas já não com tanta frequência.

acho que amanhã vos vou ver.. e isso é bom! :)

Mariana said...

pois é!!!! até amanha =P